segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Sufismo



«Os sufis representam a tendência mística do Islão. Ao contrário da maioria dos muçulmanos, que acredita que a proximidade com Deus pode ser alcançada apenas após a morte, os sufis acreditam que é possível ter a experiência da proximidade de Deus em vida. De modo a alcançar esta proximidade, a pessoa necessita de fazer uma viagem, conhecida como tariqas (literalmente, "o Caminho"), sob orientação de um guia espiritual. A viagem requer que se façam orações extra, conhecidas como zikr (recordação de Deus). Os sufis também acreditam na "unidade do caminho" e defendem que todas as vias espirituais se dirigem a um só e ao mesmo Deus.

O sufismo surgiu cedo na história do Islão, como reacção contra o puritanismo e o legalismo árido. Hasan al-Basri (m. 728), que foi educado por Umm Salama, uma das mulheres do Profeta, estabeleceu-o como movimento. al-Basri declarou que os muçulmanos deveriam procurar a "doçura" durante a oração, ao recordar Deus e enquanto lêem o Alcorão.


O primeiro místico islâmico que se reconhece é Rabia al-Basri, cuja vida se encontra envolta em mistério. Sabemos que era uma escrava liberta e que se retirou para o deserto, onde viveu uma vida de pobreza. Rejeitou numerosas propostas de casamento; no entanto, aceitou Hasan al-Basri como aluno. É reconhecida pela sua poesia mística, alguma da qual se encontra hoje acessível ao público. A Rabia al-Basri atribui-se a noção de amor incondicional que se encontra presente na sua célebre oração: "Ó Deus, se rezo a Ti por medo ao inferno, então queima-me no Inferno. Se rezo a ti na esperança do Paraíso, exclui-me do Paraíso. Mas se rezo a Ti por Ti, não me negues a Tua infinita Beleza."


O objectivo da vida sufi é o alcançar fana, ou aniquilação do ego. O primeiro passo em direcção a fana é o abandono do materialismo. O termo sufi tem origem na palavra Suf, que significa "lã". Os sufis usavam mantos feitos a partir de lã não colorida como símbolo da sua renúncia ao mundo e aos seus prazeres. O incidente mais célebre relacionado com o alcance do estado de fana é atribuído a al-Hallaj (m.922). 


Enquanto se encontrava num estado de êxtase, Al-Hallaj proferiu as palavras: "Eu sou a Verdade." Tal levantou probelmas com as autoridades religiosas. Al-Hallaj recosou-se a pedir perdão; na realidade, reperiu a perfomance em várias ocasiões. No final, por insistênci sua, foi executado.

A história muçulmana encontra-se cheia de grandes místicos sufis. O andaluz ibn Arabî (m.1240) é considerado um dos maiores de todos os tempos. O sufi turco Jalal-al-Din Rumî (m.1273) tem uma reputação semelhante. Estes ilustres sufis estabeleceram as suas próprias tariqas, que ainda hoje são seguidas pelos seus discípulos.

sufismo tem sido um grande estímulo para a poesia e a literesatura.Mathnavi, por Rumî, que se encontra repleto de parábolas e histórias, é lido extensivamente poir muçulmanos em toda a parte. Poesia persa e urdu de extrema qualidade têm origem no sufismo, por exemplo, a obra de Omar Khayyam (m. 1124), Sadi (m.1292), Hafiz (m. 1390) e, mais recentemente, Mohammad Iqbal (m.1938).»

Excerto do livro "Em que acreditam os Muçulmanos?" de Ziauddin Sardar

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