sábado, 19 de fevereiro de 2011

"A Rosa-Cruz" - Rémi Boyer



"(...) o próprio símbolo da iniciação, o mito mais significativo da Tradição iniciática ocidental, (é) a Rosa-Cruz. Eixo e factor constante da cena hermetista europeia desde o séc. XVII nas suas múltiplas expressões culturais, a Rosa-Cruz permanece inapreensível como o Espírito, talvez porque a sua própria natureza é Espírito. Ela é, para além disso, a metáfora criadora mais fecunda da Tradição ocidental, uma metafísica e uma filosofia da busca, diríamos hoje uma metafísica e uma filosofia do Despertar. Metafísica e filosofia que firmam, tanto quanto são firmadas, depois de uma propedêutica rigorosa, uma ascese, uma poética, uma tekhnê, que vão inscrever o Espírito na forma, a fim de melhor se alforriar desta, eventualmente através de uma teurgia ou de uma alquimia, metálica ou interna, mas não necessariamente. Por vezes, a Rosa-Cruz não é senão despojamento até à Essência. O Templo da Rosa-Cruz é o lugar-estado inscrito em toda a parte e em nenhures. O espírito de Elias Artista, anjo tutelar da Rosa-Cruz, o seu Sopro, faz do buscador um monge vermelho. Ele está só, e é completo por si só, porque é Um, autónomo, porque dá a si mesmo a sua própria lei, porque é um artista solitário do Vazio e da Plenitude, um mestre do Nada e do Tudo que escolheu a alternativa nómada. A busca da Rosa-Cristo é sempre incondicional, libertária, quer no seu caminho, que no seu Oriente."



Rémi Boyer
in "A Tradição Maçónica e o Despertar da Consciência"

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